O anúncio da Copa América no Brasil gerou críticas por causa de oposição política e impactou a parte comercial do torneio. Quatro patrocinadores da competição —Mascertard, Ambev, TCL e Diageo— desistiram de ativar campanhas, embora tenham mantido contratos. Após esta crise, a Conmebol vai montando um plano alternativo com o SBT. A aposta é uma paz política para equilibrar as contas do torneio.
A transmissão do jogo de abertura entre Brasil e Venezuela revelou o SBT com cinco cotas de patrocínio —Betfair, Havan, Madero, CSN e Philco. Uma parte da receita vai para Conmebol no acordo feito para aquisição dos direitos de transmissão. É um modelo diferente do executado com a Globo.
O SBT negocia as suas cotas de patrocínio sozinho, mas conversa com o setor comercial da Conmebol. Há uma interação para evitar patrocinadores concorrentes entre os que adquirem cotas e os apoiadores da competição.
Em comparação, a Globo tinha negociado sete cotas de patrocínio na última Copa América. Usou o torneio também dentro do seu pacote de futebol.
Há ainda uma parceria com a CBF. Tanto que as placas de patrocínios em volta do campo tiveram dois parceiros da confederação brasileira, Cimed e Farmácia Pague +. A segunda empresa também anunciou nos intervalos do SBT.
Após a estreia, a Conmebol já recebeu a procura de outros patrocinadores. A avaliação é que a temperatura política em torno do torneio deve diminuir e, por isso, reduzir o temor de empresas se associarem à Copa América. Além disso, os resultados de audiência do SBT foram positivos na estreia.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, não foi à abertura do torneio: avisou à Conmebol que não compareceria. Nas redes sociais, Bolsonaro fez propaganda do SBT e do torneio, gerando engajamento dos seus apoiadores. Mas a avaliação é que, aos poucos, há uma redução dessa ligação política.
No momento, o site da Conmbeol exibe um patrocinador principal que é a TCL. Entre os outros apoiadores, estão a Kwai, a Betsson e a Sinovac. Esta última entrou com a cessão de vacinas.
O desafio da entidade sul-americana não é pequeno. O orçamento da entidade previa despesas de US$ 120 milhões com a Copa América, embora esses valores certamente devem cair com o torneio mais enxuto. Mas há despesas como a premiação de seleções que é fixa, com US$ 4 milhões por seleção. O campeão levará US$ 10 milhões pela previsão inicial.
Há uma percepção na Conmebol de que é possível que a Copa América tenha algum prejuízo, mas será capaz de bancar a maior parte das despesas do torneio. Para isso, é essencial que o plano comercial alternativo funcione ou todo o esforço para realizar a competição terá sido em vão.
Fonte: UOL Esporte/Rodrigo Mattos