A comunicação esportiva gaúcha vivenciou uma polêmica neste final de semana. O caso envolveu o repórter da Rádio Grenal, da Rede Pampa, César Fabris, e a assessoria do Internacional. O jornalista havia sido escalado para cobrir a partida entre o Colorado e o Esportivo, no sábado, 25, mas foi substituído por um colega na coletiva do técnico e dirigentes do clube, por ordem da empresa. A solicitação teria vindo da Comunicação do Inter.
O site Coletiva.net ouviu Fabris sobre o episódio, que é tratado como censura na internet, por torcedores, jornalistas e entidades representativas. Conforme o repórter, foi escalado para o jogo e, na véspera, procurou o assessor do clube, Rafael Antoniutti, para saber como seria a coletiva de imprensa online. “Ele me disse que o Nicolas Wagner faria, porque a Pampa havia passado isso pra ele”, relatou Fabris.
De acordo com o comunicador, quando contatou a empresa, recebeu outra informação. “Falei com o meu coordenador, o Diogo Rossi, e ele me mostrou as mensagens. O Antoniutti disse que ou indicavam outra pessoa ou a Grenal ficaria de fora da coletiva”, contou o jornalista e completou: “Eu fiquei muito chateado e liguei para o presidente. Ele disse que não foi decisão do clube, que o assessor fez isso por conta própria”.
Fabris argumentou que não entende a atitude, já que garante nunca ter atacado o Internacional, provocando, nas redes sociais e no ar, sempre o colega e amigo Carlos Lacerda, assumidamente colorado. “O que fiz foi tirar onda do Lacerda, que elogiou o Potker e o gramado, basicamente isso. E, no ar, coloquei música do Diogo Nogueira, ‘caipirinha, água de coco, cervejinha’, falando sobre o Renato [Portaluppi]”, se defendeu o repórter.
“O que eu fiquei brabo é que o assessor mentiu. Uma mentira do assessor, do clube e censura com a Pampa”, lamentou Fabris. Segundo ele, chegou a questionar o assessor o motivo para tê-lo barrado. “Eu podia ter sido demitido, tenho família. Ia fazer meu trabalho apenas, até porque não ganho dinheiro do Grêmio”, afirmou o jornalista.
A assessoria do Internacional, por meio do assessor Caco Arais, informou que o clube não está comentando o caso e afirmou que “esse assunto já foi tratado e resolvido internamente”. A Rede Pampa, também procurada pelo portal, não se manifestou até a publicação dessa matéria.
Confira a nota divulgada após o episódio, pela Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg):
“Aceg se posiciona em favor da liberdade de expressão
A ACEG se solidariza com o repórter da Rádio Grenal, César Fabris, que teve sua participação negada na coletiva do técnico do Internacional, Eduardo Coudet, após a partida com o Esportivo, em Bento Gonçalves.
O pedido de veto partiu da assessoria do clube. O motivo seria porque Fábris é declaradamente gremista.
Precisamos lembrar, neste momento, que vivemos em um estado democrático.
Repórteres colorados e gremistas participam de coletivas e coberturas dos dois clubes, sempre com respeito mútuo e profissionalismo, como deve ser.
Lamentamos o cerceamento ao profissional e também a postura de sua emissora em concordar com o veto por parte da assessoria do clube.
A Aceg não vai se furtar de lutar pelo direito de seus associados.
Alex Bagé
Presidente”