Rádios ainda aguardam faixa estendida para migrar do AM para o FM

Principal meio de comunicação do Brasil em um passado não muito distante, o rádio permanece ativo e em constante transformação. A mais recente, ainda em curso, é a migração das rádios AM (amplitude modulada) para a faixa FM (frequência modulada).

O processo de transição é resultado de um decreto assinado presidencial de 2013, com intuito de modernizar as emissoras AM, tecnologia que ficou obsoleta em virtude do excesso de ruídos provocados por interferências de inúmeros componentes eletrônicos do cotidiano como computadores e lâmpadas econômicas.

Além de oferecer qualidade de transmissão superior, a faixa FM dá ao ouvinte a possibilidade de captar o sinal em smartphones e tablets, dispositivos móveis que ameaçam a sobrevivência do bom e velho rádio portátil.

A mudança foi efetivada em centenas de dezenas de municípios do país — somente neste ano, mais de 600 rádios AM migraram para a faixa FM. No entanto, boa parte das capitais e de cidades de grande porte onde há grande ocupação de emissoras na faixa FM convencional, ainda aguarda o aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A previsão é que a migração total ocorra até o final de 2021.

Para acomodar as emissoras AM no novo espectro, a Anatel está criando a “banda extra”, que vai operar na faixa de 76 megahertz (mHz) a 87,9 mHz. Até 2018 essa fatia era utilizada pela TV analógica (VHF), cujo sinal foi desligado com a adoção da TV digital. Com isso, o ouvinte terá um dial estendido em relação ao tradicional (que vai de 87,9 mHz a 107,9 mHz).

O novo regulamento técnico que consolida a adoção da faixa estendida da FM entraria em vigor no dia 11 de agosto, mas foi prorrogado pela Anatel por mais 60 dias em função da pandemia do novo coronavírus. A “banda extra” é necessária devido a grande ocupação no FM convencional em mercados como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Goiânia, entre outros.

De acordo com o diretor-técnico da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp), José Eduardo Marti Cappia, na prática, por questão de sobrevivência, o rádio AM está com os dias contados. “A mudança de faixa foi facultativa (às emissoras AM), mas imperativa em função da tecnologia”, comenta.

Segundo dados da Aesp, das 1.781 emissoras AM de todo o Brasil, 1.680 optaram pela migração e 1.200 já conseguiram pares na faixa convencional da frequência FM. “Temos entre 300 a 400 estações para serem acomodadas”.

Com a adoção da faixa estendida, os receptores também precisarão se adequar. Cappia cita que uma portaria interministerial, dos então ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Ciência, Tecnologia e Inovação determinou que todos os receptores produzidos a partir de janeiro de 2019, incluindo de automóveis, tenham dial com sintonia entre 76 a 108 mHz. O diretor técnico menciona que, com o intuito de estimular o consumo da radiodifusão, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que obrigará a chamada recepção livre — isto é, sem ser pelo streaming — de rádios FM nos celulares das plataformas Android e iOS. “Nas residências, o receptor de rádio está se tornando raridade. Antes eram três por casa, hoje não chega a um”, afirma.

Mas com o advento dos smartphones, do consumo de músicas em plataformas de streaming e do consumo de notícias em podcasts, o rádio tem seu futuro ameaçado? Para Cappia, o rádio ainda tem uma longa vida pela frente. “O rádio vai permanecer sem dificuldade alguma. É o que menos sofre com a evolução dos meios de comunicação porque imagem concorre com imagem. A televisão (aberta) está enfrentando dificuldade. Evoluiu tanto que entregou tudo para a SmartTV”, comenta.

Das oito emissoras AM que existem em Goiânia, somente a Rádio Brasil Central/1270 não fez o pedido para migrar para o FM.

As Rádios de Goiânia que pediram para migrar do AM para o FM foram:

  • Rádio Riviera/540 AM
  •  Difusora/640 AM
  •  Sagres 730/AM
  •  Rádio Bandeirantes/820 AM
  • Rádio Universitária/AM 870
  • Rádio Aliança/ AM 1.090
  • Rádio Daqui/AM 1.230.

 

 

 

 

Comentarios Recentes

  1. Vamos torcer para que com a migração da Bandeirantes 820 AM possa dar uma oxigenada no FM, que está bastante saturado de tantas emissoras populares. Tenho certeza de que na medida que todas elas forem migrando aos poucos, principalmente as jornalísticas e esportivas irá gerar uma competição interessante na disputa pela audiência. Agora o que acho absurdo é qual a necessidade de a IURD passar a ter três frequências de emissoras? Acho que para não ter problemas, a igreja vai ter que se desfazer ao menos de uma delas.

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