Assembleia Legislativa de MG proíbe acesso da imprensa na entrada do plenário da Casa

Uma deliberação da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) proíbe que jornalistas tenham acesso aos deputados na antessala do plenário da Casa. Essa é a primeira vez que os profissionais de imprensa não poderão ficar nesse espaço, onde historicamente os parlamentares circulam e concedem entrevistas. A ordem foi publicada ontem no “Diário Administrativo”. Os deputados estaduais e jornalistas Mauro Tramonte (PRB) e João Vítor Xavier (PSDB) apresentaram requerimentos para revogar essa norma, mas nos bastidores parlamentares consideram a mudança “impossível”.

A Deliberação 2.700, de 2019, prevê que os jornalistas vão poder acompanhar as sessões plenárias somente do espaço da sala de imprensa, onde, segundo a nova regra, vão realizar “entrevistas individuais ou coletivas, cobertura de eventos, apuração de informações, entre outras”. Contudo, essa sala fica em um andar superior ao do plenário e onde não há circulação de políticos, o que inviabiliza a cobertura e o acompanhamento de votações.

Outro lugar onde os repórteres podem ficar é o chamado “cafezinho” – espaço localizado antes da antessala. Alguns deputados passam pelo local para entrar no plenário, mas não é possível acompanhar as sessões. Segundo o “Diário Administrativo”, a norma é necessária para “garantia da ordem dos trabalhos legislativos, da segurança das pessoas e da defesa do patrimônio público”.
O regimento interno da Assembleia regulamenta, no artigo 94, que poderão permanecer nas dependências contíguas ao plenário “assessores de blocos parlamentares e bancadas e da liderança do governo e os jornalistas credenciados”. No entendimento de deputados e assessores da Casa, dessa forma, essa mudança não poderia ser feita por meio de deliberação, mas sim por um projeto de resolução para alterar o regimento. A assessoria da ALMG afirma que a norma regulamenta o que são dependências contíguas, e não muda o regimento.

A deliberação é assinada pelo presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), e por outros sete membros da Mesa. São eles: o primeiro vice-presidente, Antônio Carlos Arantes (PSDB), o segundo vice-presidente, Cristiano Silveira (PT), o terceiro vice-presidente, Alencar da Silveira Jr. (PDT), o primeiro secretário, Tadeu Martins Leite (MDB), o segundo secretário, Carlos Henrique (PRB), e o terceiro secretário, Arlen Santiago (PTB).

Em coletiva de imprensa, Cristiano Silveira explicou que o entendimento da Mesa Diretora é que a Casa precisa de mais tranquilidade para trabalhar e que a determinação também atinge os próprios deputados, que não podem mais deixar assessores no espaço como era feito antes. “Então, o presidente está estabelecendo um local para a imprensa, os deputados irão falar com a imprensa como sempre e não terá prejuízo para informação pública”, disse.

De acordo com a determinação, além de deputados, a Polícia Legislativa somente pode liberar acesso à antessala para servidores que estejam em serviço no apoio ao processo legislativo: até dois assessores por bloco parlamentar; dois assessores para cada liderança (do governo, da maioria e da minoria); e ex-deputados da Assembleia e atuais membros do Congresso Nacional.

Por meio de nota, o Sindicato de Jornalistas de Minas Gerais declarou que essa é uma das atitudes “mais antidemocráticas” da história da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e que vai lutar de todas as maneiras para que ela não siga adiante.

 

 

 

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