Globo quer mudanças no futebol para aumentar receita com pay-per-view

Uma discussão nos bastidores do poder do futebol tem se desenrolado em torno da mudança de calendário do futebol brasileiro. A Globo é a principal força do mercado que defende a reforma e tem um motivo: aumentar as receitas com o pay-per-view que é sua principal aposta para o futebol. Pouco atrativos para o público, os Estaduais provocam quedas na arrecadação do pacote global, segundo apurou o blog.

Ressalte-se que o movimento da emissora sofre resistência das federações estaduais. Foi instituída uma comissão pela CBF para discutir o calendário para 2020, que analisaria redução dos Estaduais, mas até agora os trabalhos estão estagnados.

Para entender o cenário, é preciso explicar como funciona o atual modelo de competições e seu financiamento pela televisão. Em sua maioria comprados pela Globo, os Estaduais se estendem de janeiro ao final de abril. Reservam as principais datas de final de semana e só tem clássicos que valem em poucas delas. Enquanto isso, o Brasileiro se inicia em maio.

Pois bem, a Globo tem três plataformas para ganhar dinheiro. Na TV Aberta, é com publicidade e os Estaduais entram no pacote do ano e têm que proporcionar de 90 a 100 dias com transmissões de futebol no canal. Na TV Fechada, a Sportv segue recebendo dinheiro de assinantes durante esse período.

O problema é o Pay-Per-view que é hoje a principal aposta de crescimento de receita da Globo. Estima-se que o valor a ser ganho com o produto gira em torno de R$ 1,5 bilhão por ano. A questão é que esses ganhos são bastante impactados pelos Estaduais.

Como isso ocorre? Um número significativo de assinantes do pay-per-view mantém seu pacote de maio a novembro ou dezembro, exatamente no período do Brasileiro. Há uma debandada em massa em dezembro e em geral o retorno só se dá depois dos Estaduais.

Explica-se: os regionais não sustentam a atenção do torcedor para jogos de outros times. Um cruzeirense não se interessa por jogos do Corinthians, e o inverso é verdadeiro. Para ter um número reduzido de jogos de seu time que valem, o assinante vai embora e volta depois. Além disso, o período coincide com jogos de alta relevância no mercado europeu – fases decisivas da Liga dos Campeões, Espanhol, Inglês – que concorrem pelo torcedor.

Na avaliação da Globo, está claro que o problema seria sanado se a competição mais nobre que é o Brasileiro fosse estendido por dez meses da temporada. Com o Nacional em curso, os torcedores se interessam por um grande número de jogos em um produto mais atrativo.

A Globo está investindo pesado no pay-per-view, agora com transmissões com pacotes online dissociados do pay-per-view. Segue uma tendência do mercado mundial onde o torcedor migra cada vez mais de pacotes variados de TV Fechada para pacotes específicos online no estilo Netflix.

Em contraponto, os presidentes de federações sabem que há um problema e tem um temor de que a emissora pare de investir nos Estaduais. Isso é motivo de discussão constante entre eles. Sem a Globo, os dirigentes sabem que as competições se tornam inviáveis financeiramente. Por isso, há a comissão formada pela CBF para discutir o assunto.

Só que até agora a discussão está parada já que os presidentes de federações não gostam da ideia de reduzir suas únicas competições com a alegação de que isso vai matar a formação de talentos em times pequenos. Há resistência até em diminuir a participação dos grandes nos regionais. Sustentada politicamente pelas federações, a CBF não se mexeu ainda apesar de saber que são necessárias mudanças para 2020.

Em resumo, é a vontade do consumidor de futebol brasileiro (ou do torcedor) ao boicotar os Estaduais que têm proporcionado uma chance de mudança no calendário atual.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uol Esporte

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