Apresentador da Band de Uberlândia (MG) é demitido após xingar chefe

Ricardo Martins foi demitido da Band de Uberlândia (MG) na manhã desta terça-feira (4) após chamar seu chefe de “pequeno Hitler” em uma troca de mensagens via WhatsApp. Ele não apresentava o Minas Urgente 1ª Edição desde sexta-feira (31), quando levou uma suspensão de dois dias da emissora por mau comportamento. Hoje, ao retornar ao trabalho, foi notificado de seu desligamento antes de entrar no ar.

O apresentador vinha se desentendendo há mais de um mês com o gerente de Jornalismo da Band Triângulo, Josuá Barroso, a quem chama de intransigente e ditador, além de acusá-lo de praticar assédio moral contra a equipe.

“Ele não é um cara de diálogo. O assédio dele é truculento. Eu sou apresentador, também tenho que dar a minha opinião sobre o produto. Ele é truculento, não deixa você argumentar. Chamei ele de ‘pequeno Hitler’ porque ele é um ditador dentro da emissora”, disse Martins ao site Notícias da TV.

“Ele convenceu o diretor [Luiz Eduardo de Souza] a me afastar. Fiquei dois dias afastado e o diretor falou para eu fazer um acordo com o gerente [Barroso] para viver em harmonia. É muito grave o assédio moral que ele comete. Chega gritando, xingando, demite gente que discorda dele”, completa.

A demissão de Ricardo Martins da filiada da Band em Uberlândia foi divulgada pelo próprio apresentador. Revoltado com seu desligamento, ele gravou um vídeo e publicou em suas redes sociais, fazendo sérias acusações contra Josuá Barroso.

“Eu sou Ricardo, tô aqui na Band Triângulo, e aqui atrás Josuá Barroso, gerente de Jornalismo, que acaba de me demitir. Não só eu, mas como outros funcionários que estão sendo acuados e vítimas de assédio moral. Eu fui demitido porque eu denunciei perseguição desse cidadão contra os funcionários que aqui estão e também contra o Ministério Público. Já fiz a denúncia para um promotor e seus auxiliares. E agora nós vamos aguardar o desfecho dessa história, desse cidadão que comete vários crimes contra todos os colegas aqui dentro. Ministério Público, UFU, Ministério do Trabalho, Sindicato dos Jornalistas, nos ajudem!”, diz Martins no vídeo.

O apresentador disse que entrará com um processo coletivo contra Josuá Barroso, promovido por ele e outros quatro ex-funcionários da Band, que também alegam assédio moral.

Procurado, Josuá Barroso disse que não se manifestará até ele e a emissora chegarem a um consenso sobre como agir diante das acusações do ex-apresentador. Já o diretor da Band Triângulo, Luiz Eduardo de Souza, diz que o caso está sob análise do departamento jurídico da emissora.

“Ainda estou conversando com o meu jurídico. Ao invés de falar o que fez o Ricardo em sua saída, prefiro dizer que foi uma relação que teve muito êxito durante quase um ano e meio e que ela, infelizmente, não terminou da forma como gostaríamos. E que respostas aos apontamentos que ele fez no vídeo serão discutidas depois pelo meu departamento jurídico”, afirmou.

A reportagem conversou com dois funcionários da equipe de Josuá Barroso, que pediram para não ter seus nomes identificados, e ambos disseram que o gerente de Jornalismo tem um perfil austero no trabalho, cobra por resultados, mas que não pratica assédio contra a equipe.

Veja a acusação de Ricardo Martins, publicada em sua página no Facebook:

 

O motivo da briga
Os desentendimentos entre Martins e Barroso começaram por conta de uma longa reportagem feita pelo apresentador e exibida no Minas Urgente 1ª Edição, que precisaria ser editada e reduzida para 2 minutos e 30 segundos para poder ser encaixada na emissora. O jornalista teria contestado e o gerente não cedeu.

Após esse episódio, Ricardo Martins passou a acusar seu ex-chefe de perseguir um promotor do Ministério Público, e diz ter apresentado, contra a sua vontade, uma reportagem que teria ocupado uma edição inteira do programa.

“Nós fizemos uma denúncia ao MP, só que depois ele [Barroso] queria perseguir esse promotor, uma pessoa que é muito correta. Ele queria dar desdobramentos dessa história para intimidar o promotor. Eu disse que não faria isso. Sabe o que ele fez? Você já viu um programa inteiro ser ancorado por uma única matéria, uma única denúncia? Pois é”, disse.

“Estou fazendo uma denúncia grave, porque eu o acuso de induzir ao erro e perseguir um promotor. Preciso ter prova material e testemunhal. Levei todos os fatos e provas ao meu diretor [Souza], mas ele simplesmente ignorou o fato e disse que o Josuá teve permissão de fazer tudo o que fez, com autorização da direção”, completou.

Sobre estas denúncias, Barroso e Souza também optaram por não comentar.

Com a saída de Ricardo Martins, o Minas Urgente 1ª Edição será comandado interinamente por Amarildo Maciel, titular da versão vespertina do programa. A emissora iniciará nesta semana a busca por um novo apresentador.

Em nota, a Band Triângulo diz que “sobre as declarações contidas no vídeo, entendemos ser desnecessário tentar explicar cada um dos pontos das acusações feitas. Não porque não temos algo a declarar. Mas por que neste momento, esta discussão pública não traz nenhum benefício as partes envolvidas. Mais do que isso – é também um desrespeito aos demais colegas não citados, e que conjuntamente, produzem nosso jornalismo diário. São eles nossos editores, repórteres, cinegrafistas, produtores e demais apresentadores desta casa”.

Outro lado
Luiz Eduardo Souza, diretor da Band Triângulo, procurou o Notícias da TV após a publicação da reportagem para se defender das acusações de Ricardo Martins, e desmentiu que a emissora promova perseguição ao Ministério Público e tampouco teria obrigado o jornalista a fazer qualquer tipo de trabalho sem o seu consentimento. Leia a nota na íntegra:

“1) Não existe qualquer tipo de perseguição ao MP. Nunca houve e nunca haverá. Temos absoluto respeito pelas instituições. Trata-se apenas de uma matéria na qual ele participa como repórter, exibida em um programa apresentado pelo mesmo.

Não houve qualquer tipo de pressão por parte da emissora para forçá-lo, seja na produção da matéria, seja na apresentação do programa.

Ao contrário – temos provas que serão juntadas ao processo que comprovam a preocupação do Ricardo em não ser afastado da reportagem.

Ele inclusive participou pessoalmente da produção da mesma e ainda acompanhou todo o trabalho do editor. Uma de suas justificativas para o briga com o gestor é inclusive uma versão que se fez necessária, com menor duração.

2) Ao contrário das declarações dele, nenhuma prova de assédio, conduta irregular ou qualquer outro tipo de evidência foi apresentada. Tudo gira em torno das teorias que ele mesmo cria.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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