Michael Phelps conta como Deus o ajudou a se livrar do suicídio

Rumo à piscina para disputar o revezamento 4 x 100 m medley, Michael Phelps, 31, engasgou.

As emoções se sucederam e ele lutou para combater as lágrimas que se avolumavam nos olhos. Era a última prova de sua carreira na natação. “Eu estava mais emocionado que em 2012 [nos Jogos de Londres]. Foi bom poder olhar minha carreira e ver que e conquistei tudo o que queria. Foi um desafio chegar a esse ponto, de voltar a competir [depois de se aposentar em 2012], mas foi a cereja do bolo que eu queria”, afirmou Phelps, depois da vitória dos EUA na prova, neste sábado (13).

Ele nadou ao lado de Cody Miller, Ryan Murphy e Nathan Adrian. Na abertura do revezamento, Murphy bateu o recorde mundial dos 100 m costas (51s85).

A medalha foi a 28ª de Phelps em cinco edições dos Jogos Olímpicos. Delas, 23 são de ouro. Ele chegou a fazer uma relação entre o número de láureas douradas e o que era utilizado por Michael Jordan, maior jogador de basquete em todos os tempos. “Sem dúvida, é um número especial.”

O norte-americano disse que a nova despedida, agora no Rio, “foi a maneira perfeita de encerrar tudo”. Ele conquistou seis medalhas no Estádio Aquático, das quais cinco de ouro e uma de prata.

RECUPERAÇÃO

Boa parte dessa despedida bem-sucedida tem a ver com um processo de recuperação por que Phelps passou depois de Londres-2012.

O atleta enfrentou um verdadeiro inferno quando foi flagrado por paparazzis consumindo drogas, e afirmou recentemente que nessa época chegou a cogitar o suicídio.

“Eu era um trem desgovernado. Eu era como uma bomba-relógio, esperando para explodir. Eu não tinha autoestima. Houve momentos em que eu não queria estar aqui. Aquilo não era bom. Eu me sentia perdido”, afirmou Phelps à ESPN.

Para ele, sua vida havia chegado “ao fundo do poço” quando foi preso pela segunda vez ao ser flagrado dirigindo embriagado, em setembro de 2014. “Este é o fim da minha vida… Quantas vezes eu fiz besteiras? Talvez o mundo seria melhor sem mim”, disse Phelps, contando quais eram os pensamentos que rondavam sua vida.

Isolado, sem comer e dormindo pouquíssimo, a ideia de tirar a própria vida era uma constante para o atleta. No entanto, um amigo cristão de longa data, Ray Lewis, astro da liga de futebol americano (NFL) ofereceu ajuda.

“Este é o momento em que lutamos. É o momento em que nosso verdadeiro caráter se mostra. Não desista. Se você desistir, todos nós perdemos”, disse Lewis a ele, sugerindo que se internasse em uma clínica de reabilitação comportamental.

Ao aceitar a sugestão de Lewis, Phelps foi presenteado pelo amigo com um exemplar do livro “Uma Vida com Propósitos”, do pastor Rick Warren.

“Cara, este livro é muito louco! A coisa que está acontecendo… oh meu Deus… meu cérebro, eu não posso agradecê-lo o suficiente. Estou ‘pirando’, cara. Você salvou a minha vida”, disse Phelps ao amigo.

Na entrevista à ESPN, o atleta afirmou que o livro o ajudou a entender que existe um poder maior que determina cada propósito na Terra. Através dos ensinamentos aprendidos, ele encontrou forças para se reconciliar com seu pai, que se afastou da família quando ele tinha apenas nove anos de idade.

Após dois meses na clínica, Phelps recebeu alta e decidiu que iria se dedicar aos treinos novamente com o propósito de se classificar para a disputa no Rio de Janeiro, pediu a namorada de longa data em casamento e viu seu primeiro filho, Boomer Robert, nascer saudável.

 

 

 

 

 

Adicionar Comentario

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.