Relatório da Unesco aponta que um jornalista é morto por semana no mundo

Em média, um jornalista é morto por semana no mundo e menos de 6% do total de 593 assassinatos (2006-2013) foram resolvidos, apontou a Unesco. Entre 2013 e 2014, 178 profissionais de imprensa foram mortos.

Na segunda-feira (2/10), as Nações Unidas marcaram o Dia Internacional de Combate à Impunidade de Crimes Cometidos contra Jornalistas com o lançamento do relatório Tendências Mundiais sobre Liberdade de Expressão e Desenvolvimento dos Meios 2015, em Paris.

Durante o evento, a organização Repórteres sem Fronteiras apontou que, na última década, foram registradas 700 mortes de profissionais de imprensa. De acordo com a entidade, o número de jornalistas assassinados ou torturados é uma tendência crescente no mundo.

Segundo a Agência Lusa, durante uma sessão na sede das Nações Unidas, a diretora da ONG em Washington, Delphine Halgand, defendeu que que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, indique um representante especial para dedicar-se ao tema de segurança dos jornalistas.

O diretor do Centro Knight para Jornalismo nas Américas na Universidade de Austin, no Texas, o brasileiro Rosenthal Alves, destacou que grande parte das mortes é de profissionais homens. “Dos 178 assassinatos, 92% são jornalistas homens. As regiões mais perigosas para se trabalhar no mundo hoje são o Médio Oriente e a América Latina”.

O Oriente Médio teve 64 profissionais de imprensa mortos entre 2013 e 2014. Já na América Latina, foram 51 casos; na Ásia e Pacífico, 30; e na África, 23. A maioria das mortes ocorreram com profissionais de TV, com 64, seguido dos profissionais da imprensa escrita e fotógrafos (61) e rádio (50).

Para a representante permanente da Lituânia na ONU, a embaixadora Raimonda Murmokaité, a morte de jornalistas deve ser considerada um crime de guerra. “A falta de transparência, em que 95% dos casos saem impunes, é um passe livre para matar jornalistas. E demonstra o quão perigosa é esta profissão, muitos pagam o preço pelo direito que temos de ter acesso à informação”.

Brasil

O Brasil acumula 11 casos impunes, o segundo pior número da América Latina. Os episódios mais graves se concentram na região amazônica. Tornaram-se frequentes as perseguições, ameaças, assédio, intimidações e até assassinatos, sobretudo no Norte e no Nordeste.

O ano de 2014 foi considerado violento para os profissionais de imprensa. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), indicou que três jornalistas foram assassinados e mais de uma centena sofreu algum tipo de agressão. Ao todo, foram 129 casos de hostilidade.

Segundo a agência Deutsche Welle, profissionais como Lúcio Flávio Pinto, que trabalha há 49 anos como repórter no Pará, denunciando corrupção, fraudes e esquemas de grilagem na região amazônica já lhe renderam prêmios, mas também dezenas de ações na Justiça, agressões físicas e ameaças de morte.

“A ironia é que durante o regime militar fui processado só uma vez, e o caso foi arquivado. Desde 1992, num regime democrático, fui alvo de 33 processos com cinco condenações. O objetivo é me calar. Isso prova que vivemos numa democracia formal, mas não numa democracia real, já que os interesses de grandes grupos predominam sobre o interesse público”, ponderou o jornalista, que há 28 anos edita o Jornal Pessoal, em Belém (PA).

O relatório estará disponível em inglês a partir do dia 30/11, no link: http://www.unesco.org/new/en/world-media-trends-2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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