Rádios públicas da França estão de greve

Os jornalistas, músicos e técnicos que trabalham na famosa Maison de la Radio, em Paris, estão em greve por várias razões: o orçamento das obras de renovação do prédio estourou em mais de € 400 milhões; a direção do grupo deve aplicar um plano de economias de € 50 milhões nos próximos quatro anos, o que pode representar 300 demissões; e, para completar, veio a público que o presidente do grupo realizou despesas supérfluas.

Os gastos “exuberantes” do presidente Mathiew Gallet, de 38 anos, têm minado as negociações com os sindicatos e o governo. Há um ano na direção do grupo Radio France, ele gastou € 100 mil em reformas e objetos de decoração para seu escritório, além de contratar um consultor de imagem por € 90 mil, em um contexto de déficit orçamentário de € 21 milhões em 2015.

Nesta sexta feira, Gallet será recebido pela ministra da Cultura, Fleur Pellerin, e deverá explicar de que maneira pretende ajustar as contas da empresa. Gallet foi nomeado por um organismo independente, o Conselho Superior do Audiovisual (CSA), e não pode ser demitido pelo governo.

Reforma já custou o dobro do previsto

Os funcionários do grupo de audiovisual público, que reúne sete rádios, duas orquestras e dois corais, também não se conformam com os atrasos e custos das obras de renovação do prédio, à beira do rio Sena. A reforma começou há 11 anos e, de um orçamento inicial de € 172 milhões, consumiu até o final do ano passado € 584 milhões.

O conjunto de rádios públicas francesas é financiado essencialmente (90%) por um imposto cobrado de todos os contribuintes que possuem um aparelho de TV em casa. Mas nos últimos três anos a arrecadação caiu para € 601 milhões, reduzindo a dotação orçamentária.

Tribunal de Contas sugere fusão de redações

Há 15 dias, desde o início da greve, os ouvintes das rádios France Inter, France Info, France Culture, France Bleu, France Musique, Fip e Mouv’ estão privados de informação de qualidade. A programação das rádios públicas tem pouquíssima propaganda e é tradicionalmente apreciada pelos franceses.

Em um relatório recente, o Tribunal de Contas sugeriu a fusão das redações das três maiores rádios de informação do grupo – France Inter, France Info e France Culture – e de duas orquestras, a fim de reduzir as despesas de funcionamento. As propostas foram rejeitadas por Gallet, que estuda outras alternativas para combater o déficit orçamentário.

 

 

 

 

 

 

 

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