Transmissão digital de pequenas emissoras atrasa devido alto custo

As emissoras de televisão correm contra o tempo para cumprir o prazo estipulado pelo Ministério das Comunicações para substituir a TV analógica pela digital no país. O chamado “apagão” – que trata do desligamento dos equipamentos de transmissão analógicos – começa em 2016, com término estipulado para 2018.

Isso significa que, até lá, todas as empresas televisivas do país devem possuir equipamentos de transmissão modernos o suficiente para levar o sinal digital à casa do telespectador.

Para José de Souza Lima, um dos fundadores e diretor de operações da Hitachi, empresa especializada em equipamentos de transmissão digital com unidade no Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, o alto investimento necessário por parte das emissoras de TV na troca dos equipamentos pode agir na contramão do programa do governo federal. A situação econômica desfavorável que o país atravessa também contribui para dificultar o quadro. “Temos um enorme mercado potencial, mas faltam recursos financeiros para as emissoras investirem na migração. Afinal, as emissoras não lucram mais pelo fato de a transmissão ser digital”, comenta.

De acordo com o engenheiro de telecomunicações da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), André Felipe Seixas Trindade, o custo de instalação de uma estação de TV nas cidades pode chegar a R$ 5 milhões, dependendo da potência do satélite, tamanho da cidade, número de habitantes e do relevo. Uma cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, necessitaria de uma verba maior para a implantação de reforçadores de sinais.

“As emissoras públicas recebem o apoio do governo, mas as empresas privadas, que são a grande maioria, precisam de recursos para fazer o investimento”, complementa o diretor da Hitachi.

A alta carga tributária também foi citada por ele como entrave. Na Hitachi, conforme o executivo, 30% do valor final do produto é resultado de impostos. Uma redução da carga tributária poderia agilizar a implantação dos equipamentos nas cidades.

Conforme explica o diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Luis Roberto Antonik, no Brasil as programações televisivas são retransmitidas nos municípios tanto pelas emissoras quanto pelas prefeituras. No caso das grandes emissoras, trocar toda a aparelhagem não deverá será difícil. No entanto, para as prefeituras e para as pequenas emissoras o gasto pode ser um problema. “Nem todas as prefeituras e emissoras de pequeno porte têm recursos suficientes”, comenta.

Apagão

– Cronograma de desligamento dos equipamentos de transmissão analógica no Brasil

29 de novembro de 2015 – Rio Verde (GO)
03 abril de 2016 – Brasília
15 de maio de 2016 – São Paulo
26 de junho de 2016 – Belo Horizonte
28 de agosto de 2016 – Goiânia
27 de novembro de 2016 – Rio de Janeiro
25 de junho de 2017 – Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre
30 de julho de 2017 – Salvador, Fortaleza e Recife
27 de agosto de 2017 – Campinas e Ribeirão Preto
24 de setembro de 2017 – Vale do Paraíba e Santos
29 de outubro de 2017 – Interior do Rio de Janeiro e Vitória
26 de novembro de 2017 – São José do Rio Preto, Bauru e Presidente Prudente
1º de julho de 2018 – Manaus, Belém e São Luís
29 de julho de 2018 – Natal, João Pessoa, Maceió, Aracaju e Teresina
26 de agosto de 2018 – Campo Grande, Cuiabá e Palmas
25 de novembro de 2018 – Porto Velho, Macapá, Rio Branco, Boa Vista e demais cidades

 

Difusoras temem apagão

Na avaliação do engenheiro de telecomunicações da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), André Felipe Seixas Trindade, a maior preocupação das emissoras é que o governo federal não cumpra o acordo de iniciar o desligamento dos equipamentos analógicos apenas quando 93% da população brasileira tiver acesso à televisão digital. Do contrário, segundo ele, pode haver um rompimento no setor. “Esse índice não é o ideal. Mas, se ele foi acordado, é o mínimo a ser cumprido”, afirma.

Outra preocupação do engenheiro é com relação às interferências que podem ocorrer no sinal. “O sistema tem que ser muito bem organizado para que não haja ruído nenhum”, comenta o engenheiro.

O diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Luis Roberto Antonik, explica que, no caso da TV digital, interferência é sinônimo de tela preta. “Na televisão analógica, quando o sinal está ruim ainda é possível ouvir sons ou ver vultos. Com a TV digital não. Ou você assiste, ou não”, diz. Ainda de acordo com ele, 98 de cada 100 lares brasileiros possuem televisões.

Segundo dados do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), 62% das cidades possuem o sistema de TV digital. Em quatro anos, os 38% restantes devem ser cobertos. O desafio é grande, na avaliação de Antonik, mas deve ser cumprido com sucesso.

 

 

 

 

 

 

Abert

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