Para cobrir jogos do Corinthians no Pacaembu Jornalistas terão que se manifestar com antecedência

O Corinthians estreou, na última quarta-feira, um novo sistema de credenciamento para os jornalistas que cobrem os jogos no Pacaembu. A partir de agora, os repórteres interessados são obrigados a comunicarem sua ida ao estádio ao clube com antecedência e receberão direito individual de acesso. Um dos principais motivos para a adoção da medida, segundo apurou o UOL Esporte, é a evasão de renda criada por profissionais que assistiam aos confrontos nas arquibancadas, como torcedores comuns.

Consultado, o Corinthians não confirma que seja essa razão, e aponta outras duas explicações, que se relacionam entre si. A primeira é o desejo do clube de chegar à lotação máxima do estádio. Para isso, os cartolas alvinegros precisariam saber, com antecedência, quantos profissionais de imprensa iriam ao Pacaembu, para assim poderem vender o maior número possível de bilhetes.

A segunda explicação está relacionada ao Itaquerão. A medida adotada desde a semana passada é uma preparação para o sistema que será implantado no novo estádio, onde os jornalistas ficarão em uma área nobre, próxima ao campo, perto de convidados estratégicos do Corinthians e seus parceiros comerciais. Neste cenário, seria ainda mais importante para o clube saber com antecedência quantos jornalistas estariam no estádio.

As duas alegações têm fundamento, mas nenhuma delas é mais relevante para o clube que a evasão criada pelos jornalistas-torcedores. Pelo sistema antigo, profissionais com carteirinha da Aceesp (Associação de Cronistas Esportivas do Estado de São Paulo) acessavam o Pacaembu e podiam circular por todo o estádio.

O Corinthians apurou que um número considerável de repórteres se dirigia a setores destinados ao público comum para torcer. A Aceesp, consultada pelo UOL Esporte, nega veementemente que isso aconteça.

“Estão fazendo caça aos jornalistas. Estão respeitando a lei, mas estão sendo deselegantes e acusando a imprensa. O Corinthians fez um sistema de burocratização, é um duplo credenciamento”, disse Luiz Ademar, comentarista do Sportv e presidente da entidade, que aponta quem seriam os reais culpados.

“Nós fizemos um mapeamento do Pacaembu e explicamos a eles onde está o problema. A Secretaria [Municipal de Esportes] distribui um monte de convites. Nos jogos têm mais policiais dentro do estádio do que na cidade, já que eles têm gratuidades. E eles não cabem todos nos camarotes”, explica o jornalista.

Os números oficiais dos borderôs corintianos, porém, mostram uma realidade um pouco diferente. Na vitória contra o San José, na semana passada, quando o credenciamento do clube foi aplicado pela primeira vez, 158 jornalistas foram ao Pacaembu.

Algumas semanas antes, diante do Tijuana, 227 profissionais de imprensa estiveram no estádio. Como o tíquete médio de um jogo de Libertadores é R$ 65, é possível dizer que o clube perdeu cerca de R$ 4.485 com os 69 “jornalistas-torcedores”. Mais que o montante financeiro, o Corinthians reclamou de não poder atender um número equivalente de sócio-torcedores que poderiam ter comparecido à partida.

A diferença na presença da imprensa também é sentida em outros jogos da Libertadores. No ano passado, no fim da primeira fase, o Corinthians enfrentou o Deportivo Táchira, da Venezuela, em situação semelhante à de quarta passada, já classificado para o mata-mata. Na ocasião, 208 jornalistas, foram ao Pacaembu, 50 a mais que no jogo com o San José, que teve o novo credenciamento.

No ano passado, a partida diante do Santos, pela semifinal da Libertadores, chegou a 562 jornalistas no Pacaembu, mais de 400 a mais que na última quarta. Na decisão contra o Boca, a falta de espaço físico forçou o clube e a Aceesp a promoverem um credenciamento especial, que limitou o número de repórteres a 217, teoricamente a lotação máxima para a imprensa, ainda assim com 343 jornalistas a menos que a semi diante da equipe da Vila Belmiro.

Mesmo as gratuidades citadas por Ademar estão na mira do clube. O Corinthians fala em ordenar a entrada dos beneficiados, com credenciamento prévio ou ao menos cobrando que eles fiquem em um setor específico do estádio.

Teoricamente, o controle do acesso da imprensa deveria ser feito por uma entidade classista, para que princípios como liberdade de expressão sejam garantidos. A entrada do Corinthians no processo, em tese, não infringe a lei, já que ele segue pedindo a carteirinha da Aceesp e promete que não usará o sistema para barrar qualquer profissional, independentemente do veículo a que pertençam. Caso a promessa não seja cumprida, a entidade promete acionar a Justiça para defender que a imprensa possa cobrir o clube normalmente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uol.

Comentarios Recentes

  1. Boa noite

    Pensando em profissionalização, organização, a coisa passa é por isso mesmo. Acho normal essa atitude. Tem outras carteiradas também que também deveriam ser cortadas.

    Até..

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