Fernando Vannucci acerta com a TV Record

O Locutor Fernando Vannucci acertou com a TV Record para apresentar o programa “O passo para o sucesso”, com previsão de estreia no dia 2 de dezembro, exibição aos domingos, 22h30. Inicialmente, será exibido no Vale do Paraíba e toda Baixada Santista, mas existem chances de entrar em toda rede no ano que vem.  E nas vésperas da volta a TV o apresentador concedeu entrevista ao Portal Imprensa.

Apresentadores esportivos costumam ser polêmicos. Não é regra, mas é algo que costuma acompanhar grandes nomes do jornalismo esportivo no Brasil. Com Fernando Vanucci não foi diferente. A consolidada carreira mistura conquistas, inovações, revoluções e polêmicas. Segundo ele, todas elas superadas e esclarecidas.

Vannucci ficou 26 anos na TV Globo, passou pela Band e esteve por um curto período na TV Record. Sua última casa foi a RedeTV!, onde trabalhou até 2011. Há pouco mais de um ano fora da televisão, o jornalista afirma que um ato isolado não pode colocar em jogo toda a carreira de um profissional.

Resistente a falar com IMPRENSA no início, Vannucci recebeu a reportagem em sua casa. A preocupação do jornalista era ter suas declarações distorcidas. Algo que, segundo ele, aconteceu no mês passado com um portal de notícias.

 

Visivelmente mais magro e falando constantemente sobre fé, no dia em que recebeu IMPRENSA VanNucci se preparava para gravar o primeiro piloto de seu programa. Vem anunciando há algumas semanas pelo Facebook que em breve estreará na TV.

Na entrevista, o apresentador fala sobre sua trajetória, o tempo que ficou fora da televisão e, sobretudo, como conseguiu romper o padrão formal da TV Globo. Com exclusividade, ele mostra o bilhete que recebeu do então diretor, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, na Copa de 1986.

 

IMPRENSA – Sente falta de voltar à TV?

Fernando Vannucci – Para quem trabalha desde os 15 anos sem parar, sentir falta da TV é normal. Claro que, todo mundo na minha situação gostaria de estar na Copa do Mundo que acontecerá no Brasil. Isso não quer dizer que saio por aí pedindo emprego.

 

“Para quem trabalha desde os 15 anos sem parar, sentir falta da TV é normal”

O mercado está difícil para quem trabalha na TV?

O mercado se fechou muito. No caso do jornalismo é muito restrito. Eu fico com pena de muita gente que acabou de se formar e me pergunta como posso ajudar. O nível salarial é muito baixo. Tem uma meia dúzia que ganha muito bem e o resto mal. Por isso que, mesmo com problemas de estrutura na emissora em que eu estava, não reclamava.

 

Você recebeu muitas propostas de emprego nos últimos meses?

Surgiram algumas propostas, não foram muitas. Sinceramente, o episódio da África do Sul me atrapalhou muito [Vannucci menciona um vídeo de 2006 em que ele aparece supostamente alterado falando sobre a derrota do Brasil]. Tem gente que me rotula como um cara problemático. Fica aquela imagem que não é real. Já expliquei várias vezes que tive um problema sério de saúde seguida de uma discussão familiar.

 

E quais são os novos planos?

Estou voltando. Não posso falar ainda para qual emissora, mas posso dizer que é um programa sobre pessoas que tiveram sucesso em suas carreiras. Vamos ter convidados de várias áreas. Já estamos gravando pilotos. Por enquanto é isso o que posso dizer.

 

Por que saiu da TV Globo?

Já estava na hora de buscar um caminho diferente. Ofereceram para mim um projeto bastante interessante em São Paulo com a Traficc e foi quando eu fui para a Band. Depois estive por pouco tempo na Record. Foi um final de contrato com a Traffic. Na época, a Record já tinha uma equipe formada, então o pessoal da Traffic era pouco usado. Eu acabei indo por uma conveniência de contrato. Foi uma pena, pois gosto muito da Record.

 

Você teve mais liberdade nas outras emissoras do que na TV Globo?

Sempre tive liberdade. Criei vários programas na Band. Inclusive um programa que brigava com o “Jornal Nacional”. Tinha autonomia para criar.

 

Você era limitado na TV Globo?

Até a Copa de 86 sim. Nessa Copa eu seguia muito o “padrão Globo de qualidade”. Aquela coisa quadrada de dizer “boa noite”. Eu falei “olha, vou rodar a baiana” e comecei a fazer o que fazia no rádio. Com isso, comecei a ser muito mais eu e com mais liberdade para trabalhar. Eu me soltei. O que o Thiago Leifert faz hoje, de forma até mais solta, era o que eu fazia já naquela época.

De que maneira a emissora reagiu?

Claro que o pessoal da TV Globo notou essa diferença. Perceberam que eu não estava no ritmo da equipe. Tentaram dizer que eu não devia mudar o padrão, mas já tinha dado certo e o pessoal gostou. Não teve como voltar atrás. Depois da Copa teve uma reunião na TV Globo para reavaliar a apresentação dos telejornais. Eles eram muito quadrados. Hoje você já observa uma leve descontração no próprio ‘Fantástico’. Talvez o ‘JN’ ainda mantenha uma formalidade. Fiquei feliz de poder voltar a ser eu mesmo. Eu sempre tive meu estilo no rádio, desde os 16 anos. Eu costumo assistir o que fiz antes de 86 e vejo o quanto estava engessado. Essa ousadia gerou tanta repercussão que o Boni me escreveu um bilhete. [Vannucci levanta e tira da parede o bilhete que está exposto em um quadro que diz: “Mesmo que o Brasil perca, você já ganhou essa copa. Parabéns”, Boni, 1986]

Existe limite para este tipo de descontração?

Eu acho que deve ser muito bem dosada. Acho que não deve pesar a mão. É uma corda bamba. Tem que tomar cuidado para não exagerar ou cair no ridículo, mas eu acredito que consegui um equilíbrio.  Dessa minha fase descontraída surgiu o “Alô Você”.

 

Como surgiu seu emblemático bordão?

Eu namorava uma moça e nós terminamos. Eu estava em dúvida se ligava ou não para ela. Ai pensei “vou mandar um recado”. Foi quando falei primeira vez “Alô Você”. O objetivo era que ela entendesse, mas ela não entendeu e o recado não funcionou. Ela veio saber que esse recado era para ela anos depois e até brincou que queria sua parte nos direitos autorais.

 

Sentiu ter saído de uma emissora com uma grande estrutura para ir para canais menores?

Claro que você sente. É normal. Eu sabia que ia sentir. Às vezes, me irritava um pouco, como, por exemplo, na RedeTV!. Eu fazia um programa chamado “Bola na Rede” e muitas vezes não tinha o vídeo com a bola na rede. Era isso que o Kajuru começou a criticar no ar e aí os caras começaram a se encher disso. Eu também pensava, mas não falava.

 

Falando em RedeTV!, o que você acha do atual momento da emissora?

Acho que eles têm condição de superar. Estrutura para isso não falta. Possuem uma sede altamente tecnológica, mas ainda tem muito caminho pela frente. A TV Globo também levou tempo para chegar onde chegou. Mas ela conseguiu reunir dinheiro e bons profissionais.

 

Você posta com freqüência no Facebook. Qual a importância dessa ferramenta no contato com seu público?

Eu mesmo posto. Tenho dois perfis pessoais e uma Fan Page. Tive de criar por causa do meu site. Uso esse espaço para fazer brincadeiras, coloco algumas coisas sobre Deus também. As pessoas me cobram isso.

 

“O que o Thiago Leifert faz hoje, de forma até mais solta, era o que eu fazia já naquela época”

Você fala com frequencia sobre Deus. Converteu-se a alguma religião?

Sou convertido há bastante tempo, desde 2003. Sou cristão. Religião para mim não tem importância nenhuma. O importante é chegar até Deus. Faço estudos bíblicos semanais e passei a entender o que é esse caminho até Deus. Eu fui de formação católica de ir à missa todo o domingo, mas na transição de menino para adolescente fui vendo que aquilo não me preenchia.

 

Qual foi a Copa que mais te marcou?

Cada um tem a sua. Mas foi a de 1978, pelo fato de ser a primeira. Eu estava chegando ao Rio de Janeiro e logo fui escalado para cobrir o mundial. Aquilo, para eu, que estava na TV Globo BH, foi maravilhoso. Eu adorei a TV Globo. Lá foi onde eu aprendi muito com profissionais competentes como Boni, Walter Clark e Pedro Luiz, um dos maiores narradores da época da Tupi.  Além disso, era uma Copa complicada, pois  a Argentina vinha do fim de uma ditadura.

 

Você atuou  muito tempo conciliando rádio e TV?

Conciliei rádio e TV. Fui de Uberaba para Belo Horizonte trabalhar na Rádio Confidência. Por um bom tempo fiz os dois, mas começou a ficar complicado porque o rádio exige muito em termos de viagem e acabou atrapalhando a TV. Era 1971, a televisão brasileira ainda estava no início. Fiquei seis anos em BH e em 1973 comecei na Globo Minas. Em 77 fui para o Rio.

 

Sente falta de criatividade no jornalismo atual?

Não sinto. Vejo excelentes profissionais e acho que estamos em um bom caminho em termos de imprensa esportiva. Tanto de repórteres, como de narradores. Talvez, não tenhamos a qualidade daquela época. Mas não está ruim.

 

Você gosta das polêmicas do esporte?

É inflamado. Discussão quase sempre ganha manchete. Acho uma coisa legal. É uma forma de expressão. A polêmica não. A polêmica naturalmente não tem jeito, não dá para fugir quando o assunto é polêmico.

 

E quando jornalistas se atacam pela TV?

É uma pena. Você pode até discordar de um colega seu. Eu nunca tive problema e nenhuma discussão séria com ninguém.

 

Não houve um problema com o Kajuru?

Eu adoro o Kajuru. Eu já o reencontrei depois deste episódio e ele me pediu quinhentas mil desculpas. Disse que estava mal naquela época. Pediu perdão. Eu disse ‘Kajuru eu te adoro, acompanhei seu nascimento na RedeTV!’. Lembro de ter dito a ele na época que era uma das coisas novas da TV na época. Ele fazia uma coisa bem feita, bacana, crítica. Criou um estilo que me agradava muito. Neste vídeo ele falou mal da minha mulher, mas realmente estava passando por problemas. Isso já está resolvido. O Ronaldo também. Estive dia desses com ele na Transamérica e fizemos uma entrevista bacana. Ele lembrou a época que eu o recebi no “Bola na Rede”, me agradeceu. Lembrou das boas experiências. Não tenho problema com ninguém. Só tenho amigos na TV. Eu fiquei 26 anos na TV Globo e tive tempo para criar um monte de problemas, mas não criei.

 

 

 

 

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