Após ter colocado cargo à disposição,coronel Urzêda volta atrás e diz que vai continuar

Após ter colocado o cargo de comandante de Missões Especiais (CME) da Polícia Militar de Goiás (PMGO) à disposição, o tenente-coronel Wellington Urzêda voltou atrás. A decisão de permanecer no posto foi publicada em seu perfil no Facebook, na manhã deste domingo (15). Ao G1, por telefone, ele avisou: “não vou baixar a cabeça”.

Urzêda, que havia usado o Facebook no sábado (14) para explicar o pedido de saída do cargo, recorreu novamente à rede social para anunciar a nova decisão: “Vou me apresentar para meu comandante-geral amanhã cedo e dizer que sou comandante do CME com orgulho, até o dia que ele quiser que eu comande a melhor tropa que ele e a PMGO poderia me confiar”.

O pedido de saída de Urzêda foi divulgado na última sexta-feira (13), mesmo dia em que veio a público uma carta anônima com denúncias da contra ele e policiais lotados no CME. Segundo o e-mail, com o assunto “Nada muda na PM Goiana”, o grupo estaria praticando execuções sumárias em Goiânia.

Entre os casos relacionados estão dois de grande repercussão: o assassinato do cronista esportivo Valério Luiz de Oliveira, com sete tiros na porta da rádio onde trabalhava, no Setor Serrinha; e do advogado Davi Sebba Ramalho, morto com um tiro no peito por PMs à paisana no estacionamento de um hipermercado da capital. O texto também cita a morte de um cabo da PM e uma chacina no Jardim Olímpico, quando seis pessoas foram assassinadas, entre elas uma criança de 4 anos, em Aparecida de Goiânia.

Ao G1, neste domingo, Urzêda diz que pediu afastamento do cargo antes da divulgação da carta e estava saindo a pedido da família, mas que a própria família mudou de ideia “agora que estão afrontando a minha honra”. Pastor evangélico, o tenente-coronel falou sobre mortes em confronto, disse que o e-mail apócrifo foi escrito por “policiais covardes e mesquinhos” e comentou a relação com o radialista Valério Luiz.

Confira os principais trechos da entrevista:

G1 – Por que o senhor mudou de ideia e decidiu continuar à frente do Comando Missões Especiais?

Eu pedi para sair antes da publicação da carta. Mas há outras cartas com informações descabidas. Eu estava saindo por conta da minha família. Estou perto de me aposentar, ia tirar férias e tenho alguma licenças. Mas agora estão afrontando a minha honra, o meu nome, que é a única coisa que eu tenho. Eu não vou baixar a cabeça. Quem mexeu comigo, mexeu comigo e com o meu orgulho. O que não me mata, me fortalece.

G1 – O senhor publicou no Facebook que quer ser investigado pelo Ministério Público e que pretende abrir mão dos sigilos bancário, telefônico, fiscal, MSN, e-mail. O que quer com isso?

Eu quero não, eu preciso ser investigado. Todo homem público tem obrigação de esclarecer tudo, mesmo se for mentira. Mas, agora, eu quero saber quem são as pessoas que enviaram essas cartas. Porque vão me investigar, ver que não há nada de errado, e que essas informações são caluniosas. Calúnia é crime e essas pessoas vão ter que responder por ele.

G1 – No fim da carta aparece a assinatura “PM indignado”? O senhor acredita que as denúncias partiram de integrantes da própria corporação?

São policiais militares covardes, que não assinaram, e mesquinhos. Desde março deste ano estão enviando e-mails apócrifos porque o meu comando começou a fazer muitas operações, a aparecer, e isso incomodou muita gente. Havia a possibilidade da minha promoção para coronel, e teve gente que não aceitou isso. Então, fizeram isso para me atrapalhar, e conseguiram. Eu adiei meu sonho de ser coronel, mas não vou desistir dele.

G1 – A carta relaciona o senhor e seus comandados com um suposto grupo de extermínio. Como age diante de mortes causadas por policiais?

Não apoio qualquer desvio de conduta. Entretanto, não acuso ninguém. O policial, quando entra em confronto, é ele que vai responder pela conduta dele. Sou um comandante que convive com a tropa, presente, e não me agrado com a morte de ninguém. Quanto melhor a ocorrência for, melhor para a polícia. Todo confronto gera um processo e o judiciário decide se houve excesso, se houve crime. Eu quero evitar mortes. Mas se um marginal afrontar um policial a tiro, é olho por olho, dente por dente.

G1 – O senhor é evangélico, não é?

Sou pastor evangélico. Estou em oração, em jejum, tudo que eu decidi foi ouvindo a minha família e a minha cobertura espiritual. Mas mesmo tendo formação cristã, acredito, na minha humilde opinião, que, se for confrontado, o policial tem de voltar para a casa dele. Ele não deve atirar primeiro, mas deve revidar. Não se combate bala com palavras.

G1 – A viúva do radialista Valério Luiz pediu ao secretário João Furtado [Segurança Pública] que o senhor fosse afastado das investigações. O senhor tinha contato com Valério?

Ele era atleticano, eu também sou. Não era amigo dele, mas eu o conhecia. Ele é filho do maior cronista esportivo vivo da história de Goiás, o Mané de Oliveira. Eu até falava para ele: ‘Valério, eu não concordo com o que você fala, mas respeito quem tem coragem’. Estranhei o fato da família ter solicitado o meu afastamento. Mas como eles acham que pode haver relação entre a morte e o futebol, e eu sou ligado ao futebol, sou ex-diretor do Atlético, então eles pensaram que seria melhor se eu não participasse. Mas ninguém está me acusando de nada.

 

 

http://g1.globo.com

 

Comentarios Recentes

  1. Vi uma entervista desde senhor hoje no jornal do meio dia , e relamente percebi o descontrole emoçional desde que se diz comandante de uma unidade da PM.O senhor urzeda chegou ao ponto de dizer ao Deputado Mauro Rubens , que não manda recado que é homem o sufiçiente pra dizer qualquer coisa na cara do cidadão isso em tom arrogante e com ar de quem quer intimidar.
    Se ele diz isso ao um Deputado e integrante da comissão de Direitos Humanos, imagine o que faz a um cidadão comum , um pai de familia qualquer

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