Na Coletiva: Mané Afirma que morte de Valério foi encomendada

O jornalista esportivo Mané de Oliveira falou com imprensa durante coletiva na manhã desta segunda-feira (9/7) e pediu a ajuda dos colegas, de representantes dos Direitos Humanos e, principalmente, da polícia no que se refere à investigação sobre a morte de seu filho, o cronista esportivo Valério Luiz,  assassinado na quinta-feira (5/7) quando deixava a Rádio Jornal 820 AM. Ainda muito abatido, ele falou aos jornalistas no Clube do Mané, BR-60, do Parque Santa Rita, em Goiânia.

Asssim que chegou Mané fez questão de frisar que o objetivo principal de seu pedido  não é prender o assassino, mas sim o mandante, que segundo ele “é um bandido”. O jornalista disse não ter dúvida de que o crime foi encomendado, afirmou ainda ter uma suspeita, mas deixou claro que como não tem provas, não poderá citar nomes até o final das investigações. O jornalista explicou que, desde quinta-feira (5/7), está sendo medicado para conseguir dormir e não tem tido contato com a polícia. “A partir de amanhã volto a trabalhar normalmente e tudo o que eu ficar sabendo a imprensa e os fãs de Valério também saberão”, pontuou.

Perguntado sobre a motivação do crime, Mané disse acreditar que a morte do filho, muito provavelmente, teria sido causada pelo jeito polêmico de Valério, “esse era o único defeito do meu filho: seu estilo agressivo de dizer exatamente o que todos os outros cronistas diziam”. O jornalista explicou que não conhece nenhum atrito concreto do filho e pediu para que possíveis testemunhas se manifestem. “Quem souber de alguma coisa que possa ter culminado na morte do meu filho, peço que entrem em contato com a polícia. Precisamos de pistas”, disse Mané.

No dia do crime, testemunhas que não quiseram se identificar afirmaram que o cronista sofria ameaças de morte, fato que foi confirmado pela esposa de Valério, Lorena Nascimento, durante a manhã desta segunda-feira (9/7).  Em entrevista ao jornal A Redação, o diretor de jornalismo da Rádio Jornal, Cassim Zaidem, afirmou que não sabia de ameaças concretas contra Valério. “Sempre teve muita gente contrária às opiniões dele relacionadas a futebol”, disse. “Não quero acreditar que uma coisa tão pequena assim tenha motivado esse crime”, comenta.

Motivação
Durante a coletiva, Mané foi abordado por vários jornalistas que colocaram em pauta algumas especulações relacionadas ao crime. Hipóteses relacionadas à existência de uma suposta amante e de um agiota foram descartadas pelo apresentador.  Outras possibilidades como o envolvimento de uma emissora goiana no caso não foram comentadas por Mané, que repetiu por diversas vezes que “as investigações ficarão sob responsabilidade da polícia”.

O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Goiás, Romes Xavier, não descarta a hipótese da morte do colega de jornalismo ter sido motivada por assuntos profissionais. “Já trabalhei com ele muitos anos, o Valério era muito querido, mas polêmico. Era um grande profissional, com trinta anos de profissão. Tudo leva a crer que as opiniões críticas e pesadas tenham alguma coisa a ver com o assassinato”, disse Romes Xavier.

O jornalista explicou que corre um boato nos meios esportivos de que Valério seria obrigado a abandonar a profissão. “Não sei quem disse, se soubesse falaria”. Perguntado sobre a denúncia que fez ao lado do carro de Valério, antes mesmo do Corpo de Bombeiros chegar ao local, Mané explica que foi um desabafo de pai. “Foi desespero”.

O cronista esportivo André Isac dise ao jornal A Redação que Valério iria abandonar a carreira esportiva. “Ele dizia que pretendia fazer outra coisa. Estava conversando com a esposa dele, e ela me confirmou isso. O Valério estava animado em começar a trabalhar na área da advocacia com seu filho”, disse Isac.

Atlético
Mané voltou a citar o desgaste que Valério teria tido com o Atlético Goianiense.  Segundo o jornalista, o filho teria feito um comentário “exagerado” quando dois dirigentes do clube foram afastados justamente no momento em que o time passava por uma fase difícil por ainda não ter vencido na Série A do Campeonato Brasileiro,  figurando na lanterna da competição. O cronista falou no ar que “quando o navio está afundando os primeiros a sair do porão eram os ratos”.

Mané contou que o clube mandou um ofício assinado pelo presidente, vice-presidente e coordenador do time, pedindo a “cabeça” de Valério. “Eles disseram que, ou as emissoras mandavam meu filho embora, ou elas estariam proibidas de entrarem nas sedes. Eu não entendo de crime, mas entendo de futebol e isso não é futebol”, se emociona Mané. A assessoria de imprensa do Atlético informou que o clube lamenta o fato e comunicou que as acusações são irresponsáveis. O clube justificou que a medida de afastamento da Rádio Jornal 820 AM e PUC TV da cobertura do clube foi motivada pelas fortes críticas de Valério Luiz.

Investigações
Mané disse várias vezes que confia na polícia, no secretário de Segurança Pública, João Furtado Neto, e em especial no governador Marconi Perillo que, segundo ele, tem cobrado a resolução do crime. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) e quem coordena todo o processo é a delegada titular, Adriana Ribeiro. Ela afirma que nenhuma hipótese será descartada e que serão levadas em consideração tanto a carreira profissional quanto a vida pessoal da vítima.

A pedido do governador Marconi Perillo, o secretário de Segurança Pública e Justiça, João Furtado Neto, escalou uma equipe para trabalhar exclusivamente no caso. A delegada-geral da Polícia Civil (PC), Adriana Accorsi, esteve no local do crime e também irá acompanhar de perto o desenrolar do caso. O Ministério Público em Goiás (MP-GO) divulgou que o promotor da área criminal de Justiça, Paulo Pereira dos Santos, vai acompanhar as investigações sobre a morte do radialista Valério Luiz.

Na manhã de sexta-feira (6/7) a esposa de Valério e testemunhas que presenciaram o assassinato foram ouvidas. O celular do cronista já está sendo periciado e será requerido o rastreamento de todas as ligações feitas na região onde Valério foi morto. As imagens de pelo menos cinco câmeras de segurança instaladas em prédios que ficam nas redondezas da Rádio Jornal 820 AM passam por análise da equipe da DIH.

A polícia fez ainda o retrato falado do autor dos disparos. De acordo com a delegada Adriana Ribeiro, trata-se de um rapaz alto, magro, de pele clara e cabelo castanho claro. “Também estamos com as características da motocicleta usada pelo executor”, diz.

“O futebol levou a vida do meu filho”
Mané contou aos jornalistas que conversou com o filho dias antes do assassinato e que Valério falou rapidamente sobre o comentário feito em relação ao Atletico. “Eu disse para o meu filho – você já está arrumando encrenca Valério? Deixa isso pra lá”. O jornalista disse que não se preocupou pois o “mundo do futebol é assim. Um dia a gente se critica, no outro se abraça. E isso não é semvergonhice como muitos dizem: é esportividade”. Mané se emocionou durante muitos momentos ao longo da coletiva e repetia sempre que podia: “O futebol levou a vida do meu filho”.

Volta ao jornalismo esportivo
Mané se comprometeu a voltar a realizar suas atividades profissionais devagar. “Tenho 40 empregados na TV Brasil Central, outros 18 aqui no clube, além da minha família que depende de mim. Não posso abandonar o barco agora”.

Sobre uma possível retaliação ao Atlético, Mané explicou que o time não pertence à diretoria e por isso não pode ser punido. O jornalista disse que continuará fazendo a cobertura dos acontecimentos que envolvem o time. “Se depender de mim o Atlértico não será rebaixado”.

Entenda o caso
Uma testemunha que presenciou a cena prestou depoimento no local. De acordo com ela, havia um motociclista, usando um blusão azul, parado na porta da rádio há algum tempo. Quando o filho do cronista esportivo Mané de Oliveira saiu da emissora, o autor fez os disparos contra seu carro, um Ford Ka preto.

De acordo com um colega de trabalho, Valério Luiz terminou a participação no Jornal Debates às 14h, bebeu água e depois deixou a emissora. Em seguida, o colega ouviu os disparos. Por volta de cinco minutos depois, a ambulância do Samu chegou ao local para socorrê-lo, mas o cronista não apresentava mais sinais de vida.

Carreira
Valério Luiz seguiu os caminhos do pai, Mané de Oliveira, e ingressou na cobertura esportiva. Começou sua carreira profissional como repórter esportivo em 1978, pela rádio Difusora, de Goiânia. Em 1980, fez parte da produção do quadro do Goiânia Urgente pela Tv Goyá, antiga filiada do SBT em Goiás.
Já passou pelo programa Esporte Total (TV Brasil Central), RBC, Tv Goiânia e Rádio Anhanguera. Atualmente, Valério Luiz estava na Rádio Jornal AM 820 e no Programa Mais Esportes, da PUC TV. Valério Luiz de Oliveira deixa mulher e três filhos. O corpo do cronista será velado à partir das 21 horas desta quinta-feira, no Cemitério Jardim das Palmeiras, no setor Fama.

Enterro
O corpo do cronista foi velado durante toda a manhã no Cemitério Jardim das Plameiras e o enterro aconteceu no final da manhã desta sexta (6/7). Fãs, colegas e familiares acompanharam e se despediram do  profissional que “deixará saudades”.

 

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Confira  o video da coletiva do Mané:

 

 

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