Etapa da Fórmula Indy cancelada em Brasília pode ser realizada em Goiânia

O cancelamento da primeira corrida da Yndy em Brasília  a 38 dias de sua realização gerou um rebuliço para a organização da categoria a ponto de fazê-la agir por conta própria – isto é, sem a Bandeirantes, promotora da prova. Um dia depois do anúncio capital, representantes da cúpula da Indy visitaram o autódromo de Goiânia para averiguar a possibilidade de manter a operação em solo brasileiro.

Se verificar que Goiânia é viável, a IndyCar vai andar mais rápido que os carros no Speedway para chegar a um acordo com o governo do estado, da mesma que os políticos locais e outros tantos interessados no repentino acordo. Caso o paliativo não dê certo, a direção do campeonato estuda transformar a etapa de São Petersburgo, no fim de março, em uma rodada dupla.

A ação da Indy não envolve a Bandeirantes e denota um distanciamento daquela que tem sido sua parceira. Em outras palavras, os americanos não confiam mais nos executivos da TV, que pela segunda vez não honram o acordo para fazer a corrida acontecer. No ano passado, a emissora não fez a etapa no Anhembi por problemas financeiros e chegou a ser processada pela categoria na Corte de Indiana no fim de 2013. A Band dobrou os caras lá fora se comprometendo com a prova deste ano no DF.

Quem participa ativamente nos bastidores da corrida brasileira é Vitor Meira. O ex-piloto da Indy esteve em Indianápolis no começo desta semana depois que o Ministério Público expôs os erros no contrato da corrida e o caos consequente.

Tanto a Band quanto Meira ainda nutrem esperanças de realizar a corrida em Brasília. Mas o Governo do DF e o MP vão bater o pé até o fim nem que para isso se utilizem de todas as esferas judiciais. De lá, não sai nenhum centavo, e a investigação quer entender como os acordos da Bandeirantes com a Terracap e o ex-governador Agnelo Queiroz puderam ter sido tão mal ajambrados, com erros primitivos em assinatura e timbre, cláusulas de contrato inválidas, descrições de serviços duplicados, sobrepreço de quase R$ 35 milhões, além de uma sequência de erros no processo de licitação que mais do que triplicaram o preço das obras.

É por isso que Agnelo vai ter de se explicar à Justiça, inclusive, já que o MP, depois de investigar a fraude nos contratos, está entrando com uma ação civil pública e de improbidade administrativa. O político deixou no geral um rombo de R$ 6,5 bilhões nos cofres do GDF e pode ter seus direitos políticos cassados se não explicar detalhadamente toda a obscura operação. O governo de Agnelo chegou a pagar à Bandeirantes R$ 17,5 milhões pela prova que não vai ocorrer em Brasília.

Um detalhe que passa ao largo da situação é que a Faugo – a Federação Goiana de Automobilismo – também está sob investigação do MP por suspeita de desvio de dinheiro dos recursos do autódromo desde setembro. A entidade não tem permissão desde então para intermediar qualquer evento esportivo. A promotoria de Goiás deve expedir em breve um mandado de busca e apreensão para recolher documentos e computadores da sede da Faugo.

Procurada, a Indy disse que, por ora, não vai se manifestar sobre o assunto. Meira não foi encontrado.

Carlo Gancia, um dos representantes da IndyCar no Brasil, entrou em contato com o site Grande Prêmio para dar sua versão dos fatos todos que se desdobraram desde a última quinta-feira. De início, Gancia contestou a informação de que a Band esteja alijada da visita de funcionários da categoria a Goiânia. “Eu mandei ontem um representante, Brian Hughes, que é responsável pelas pistas, para que verificasse as condições do autódromo. Foi uma iniciativa em sintonia com a Band”. Questionado se alguém da emissora esteve lá, Gancia respondeu que não.

O filho de Piero Gancia — ex-presidente da CBA — e irmão da jornalista Bárbara Gancia falou que “as notícias que têm sido publicadas na imprensa estão longe da realidade” e atribuiu a distorção à ação do Ministério Público, ao qual fez críticas sobre sua ação. “O MP não tem o poder para determinar o cancelamento da prova. Há um contrato que foi assinado e que foi rompido sem prévio aviso”, comentou.

Gancia salientou que “a insegurança jurídica que o cancelamento da prova cria é muito grande” e que “os EUA e o mundo passam a ter uma outra visão do Brasil”. Carlo vai viajar hoje à noite para Indianápolis e se encontrar com seu companheiro de trabalho Willy Hermann e apresentar as opções para realização da prova. Nenhuma delas contempla a mudança de data, 8 de março. “A programação mundial da TV já está feita e não tem espaço no calendário. Além disso, já tem 40 contêineres no mar trazendo os pneus e a gasolina que é misturada no etanol”, explicou. A carga vai chegar ao Brasil entre os dias 6 e 8 de fevereiro.

Sobre os locais disponíveis, Gancia disse que não descarta completamente que a prova seja feita em Brasília e que as informações que recebeu sobre Goiânia são de que “há muito trabalho a fazer”. Indagado sobre os empecilhos, Carlo respondeu que “os boxes são muito pequenos e apertados” para receber os carros da Indy.

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://grandepremio.uol.com.br

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