Maior palco do futebol goiano e um dos maiores do Brasil, o Estádio Serra Dourada completa 50 anos neste domingo, 9. A arena esportiva foi inaugurada em 9 de março de 1975, com o nome escolhido dois anos antes, em agosto de 1973, por meio da Lei Estadual nº 7.685, aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) e sancionada pelo então governador Leonino Caiado.
O Serra Dourada, que até hoje mantém seus traços originais, foi projetado por Paulo Mendes da Rocha, arquiteto vencedor do Prêmio Pritzker de 2006. Está localizado entre o Setor Sul e o Jardim Goiás, e possui amplo estacionamento para carros, com uma capacidade estimada de 10 mil vagas. A área do estádio é cercada por importantes vias de trânsito, como a rodovia BR-153 e a avenida Fued José Sebba.
O estádio já recebeu finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, duelos da Taça Libertadores, eliminatórias da Copa do Mundo e foi sede da Copa América de 1989. Com uma área construída de 160 mil metros quadrados e capacidade para 76 mil espectadores, o Serra Dourada registrou lotação máxima uma dezena de vezes, inclusive na inauguração. Recentemente sua capacidade foi reduzida para 38 mil lugares, para garantir mais segurança ao público.
Um dos destaques do projeto do estádio é a cobertura, a marquise sem uma pilastra sequer e sem nenhum ponto cego. Paulo Mendes da Rocha tirou partido da leveza, tratando-a em balanços. No interior do Serra Dourada, o arquiteto instalou dois grandes jardins que dialogam com as áreas verdes externas. Ainda na área interna, os grandes vãos, obtidos pelos pilares redondos dispostos proporcionalmente, trouxeram a sensação de harmonia. O concreto armado dá forma ao edifício, composto por pilares ritmados, vigas contínuas, planos de marquises e arquibancadas. O acabamento em concreto aparente é uma característica da sua arquitetura modernista.
O desenho do estádio oferece ao espectador uma visão ampla do gramado, mas permite também uma visão geral das arquibancadas. Grandes anéis internos de circulação favoreceram o fluxo de pessoas. Merece atenção especial as grandes marquises de cobertura das arquibancadas com vão livre de 48 metros que acompanham o desenho da composição.
Reforma
Depois de dupla aprovação na Alego, foi sancionada pelo Poder Executivo, em 2024, a Lei Estadual nº 23.004 (originalmente projeto de lei nº 19909/24), que altera a Lei nº 213.345, de 24 de setembro de 1998. A proposta autorizou o Poder Executivo a conceder, mediante licitação na modalidade de concorrência, o contrato de concessão para serviços de reforma, modernização, gestão, conservação, operação e manutenção do Distrito de Esporte e Entretenimento do Complexo do Estádio Serra Dourada.
Esse distrito, segundo determina a proposta, é composto pelo Estádio Serra Dourada, pelo Ginásio Valério Luiz de Oliveira e pelo Parque da Criança. Com essa alteração, delimita-se a área de cada bem público e confere-lhe a clareza necessária para que sejam realizados todos os investimentos necessários à manutenção do complexo.
PPP
A gestão do Complexo Serra Dourada agora se torna uma parceria entre os setores público e privado. A concessão, definida em concorrência pública em 4 de fevereiro deste ano, em São Paulo, prevê investimento obrigatório mínimo de R$ 215 milhões por parte da nova gestora no complexo estadual. Esse novo capítulo da história desse ícone esportivo de Goiás só foi possível devido a uma iniciativa legislativa aprovada pela Alego em 2024.
A concepção da Lei nº 22.644/24 partiu de um projeto de lei do deputado Jamil Calife (PP), contido no processo 1291/23. Com a medida, o Executivo estadual fica autorizado a ceder os direitos à nomeação de eventos e equipamentos públicos, os chamados Naming Rights, como no caso do Complexo Serra Dourada. De acordo com a lei, o Governo deve receber, em contrapartida, pagamentos anuais.
O autor da lei destacou que ver a valorização de um patrimônio tão simbólico para Goiás, como o estádio, é motivo de satisfação. “O Serra Dourada tem um imenso potencial, e agora, com essa concessão, abre-se uma nova oportunidade para que ele continue sendo um polo de grandes eventos e encontros da população goiana”, declarou Jamil Calife.
Concessão
Como determina a lei, tais processos exigem procedimento licitatório e edital para seleção dos interessados. O edital da Secretaria de Esporte e Lazer de Goiás (Seel) estabeleceu a concessão da gestão, manutenção e operação do complexo esportivo composto pelo Estádio Serra Dourada, pelo Ginásio Valério Luiz de Oliveira (Goiânia Arena) e pelo Parque Poliesportivo, além de estacionamentos da área. Estão previstas, ainda de acordo com o edital, a execução de obras de reforma e modernização dos espaços.
“A concorrência traz boas perspectivas para atrair empresas conectadas com as demandas globais de esporte e entretenimento, colocando Goiás no radar como um ambiente favorável para investimentos desse porte. Estamos criando as condições para que o Complexo Serra Dourada se transforme em um centro dinâmico e competitivo, alinhado às melhores práticas internacionais e pronto para receber eventos de grande porte”, afirmou o vice-governador Daniel Vilela (MDB) na oportunidade.
O grupo Construcap não teve concorrentes na disputa e apresentou a única proposta do leilão, com o lance mínimo de R$ 10 milhões. O grupo também administra o Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, e o Parque Ibirapuera, em São Paulo. A construtora assume a gestão do complexo a partir do segundo semestre deste ano, com o contrato válido por 35 anos.
Agência Assembleia de Notícias