O corpo de José Lino Souza Barros, 86 anos, será velado na Câmara Municipal, no bairro Santa Efigênia, na região Leste de Belo Horizonte, onde Lino foi vereador por 10 anos. O velório ocorre nesta segunda (30) e terça-feira (31).
Entre 15h e 15h30, o velório será reservado à família. De 15h30 às 19h, de hoje , e de 8h às 11h de amanhã, será aberto ao público. O sepultamento está marcado para às 11h30, no Cemitério do Bonfim, na rua Bonfim, 1.120, bairro Bonfim, na região Noroeste da capital mineira.
O jornalista morreu às 5h, no Hospital Felício Rocho, no bairro Barro Preto, na região Centro-Sul da capital. De acordo com as informações da família, ele passou mal nesse domingo (29) e foi para unidade de saúde. O falecimento ocorreu devido a complicações causadas por uma insuficiência renal. Ele deixa dois filhos e a esposa Ana Cristina Novato.
Mineiro de Patos de Minas, o locutor nasceu em 14 de outubro de 1936. José Lino iniciou a carreira na rádio Itatiaia no dia 24 de março de 1957, em uma jornada de 65 anos, que se confunde com a própria história da emissora. Ele foi apresentador do Rádio Vivo por 45 anos.
O programa se tornou referência nacional porque cumpre a proposta de fazer um rádio verdadeiramente vivo, com jornalismo autêntico e ético, ao mesmo tempo que oferece entretenimento e diversão aos ouvintes.
Quem está acostumado a ouvir a voz grave todas as manhãs, nem imagina, que é dele a voz da vinheta do assobio “Ita (assobio) tiaia”, marca registrada da Itatiaia.
Jornalismo esportivo
José Lino foi o primeiro locutor do Brasil e das Américas a falar, via satélite da Europa, para o Continente Americano e a primeira voz de rádio no Mineirão, na inauguração do estádio em 5 de setembro de 1965.
Ele é responsável por registrar passagens marcantes do futebol, principalmente, na televisão. José Lino tem como momentos inesquecíveis a narração da conquista do tricampeonato mundial pela Seleção, em 1970, no México, e do título brasileiro de 1971, pelo Atlético, no Maracanã, com a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo.
Cobertura marcante
Ao longo de 46 anos, comandou, pela Itatiaia, a cobertura anual da Semana Santa, direto do Vaticano.
A veia jornalística tem como exemplo mais forte, a experiência vivida em 4 de fevereiro de 1971, quando um dos pavilhões que eram erguidos na Gameleira desabou, matando 69 pessoas. A tragédia aconteceu na hora do almoço. José Lino, que foi de repórter a chefe do jornalismo na Itatiaia, deu uma lição: não esperou o motorista terminar de almoçar.
Ele mesmo pegou a chave da Kombi e foi acompanhado por Pedro Carrapeta, para a Gameleira. Pegaram a primeira linha disponível – e naquele tempo as transmissões externas dependiam integralmente do telefone – e fizeram mais do que uma grande cobertura jornalística, mas também um trabalho de prestação de serviço, numa das tragédias mais marcantes da história de Belo Horizonte.
Na imprensa
Durante a carreira, José Lino teve passagens pela Rádio Inconfidência, entre 1960 e 1963, e pelas Rádios Globo e Mundial, no Rio de Janeiro, de 1973 ao final 1976, quando voltou à Itatiaia para não sair mais.