A presidente Dilma Rousseff planeja realizar uma ampla campanha publicitária para defender a importância da realização da Copa do Mundo no Brasil. O tema fará parte, a partir de agora, dos discursos oficiais e ações nas redes sociais. Assim, o governo pretende enfraquecer as críticas ao evento e esvaziar eventuais manifestações durante os jogos, entre junho e julho.
Uma onda negativa poderá ter reflexo nas eleições de outubro, avaliam auxiliares da presidente. No ano passado, a série de manifestações em meados do ano derrubou a popularidade de Dilma.
A preocupação com a Copa e eventuais reflexos na eleição já integrava a pauta do Palácio do Planalto. O Ministério da Justiça planeja, por exemplo, fazer uma série de visitas aos Estados que vão sediar jogos a fim de conversar com os comandos das polícias militares e ressaltar a importância de se evitar conflitos com manifestantes – foram ações violentas da PM paulista que engrossaram os protestos de junho de 2013.
Novo comando. A nova estratégia de comunicação será a primeira tarefa do novo comando da Secretaria de Comunicação Social. Ontem foi anunciada oficialmente a saída da ministra Helena Chagas. O cargo será agora ocupado pelo também jornalista Thomas Traumann.
Já havia uma pressão de dentro e de fora do governo para que o Planalto reagisse com firmeza às críticas que vinha recebendo contra a realização da Copa. A contraofensiva tem por objetivo tentar convencer a população de que a Copa trará benefícios à população. O governo pretende atacar em três linhas para tentar “desarmar” os argumentos contrários à Copa: a primeira, a de que grande parte dos financiamentos é de fontes privadas, e não públicas; a segunda, a de que essas obras serão um legado para o País – os estádios, por exemplo, serão usados para shows e outros eventos depois da Copa; a terceira, a de que obras de mobilidade urbana, mesmo que não sejam entregues a tempo, foram “aceleradas”.
A estratégia governista é não deixar que a população “se deixe levar pela loucura”, nas palavras de um assessor direto da presidente. Pelas redes sociais, há grupos que se mobilizam com a bandeira de “Não Vai Ter Copa”. Já houve protestos violentos no fim de semana passado. O PT chegou a criar uma campanha “Vai Ter Copa” para rebater o movimento. Agora terá ajuda do governo.
Integrantes do governo reconhecem, em conversas reservadas, que há de fato um desgaste por causa da associação como Fifa e Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas acreditam que há tempo suficiente para reverter esse cenário.
O Planalto aposta no argumento de geração de empregos por causa do megaevento. Também já levanta os preços dos estádios de outras edições do torneio a fim de compará-los com os custos do caso brasileiro.
A Secretaria de Comunicação Social informou ontem que “as ações de comunicação institucional para este ano estão em fase de planejamento”. O Ministério do Esporte, por sua vez, informou que “ainda não há definição sobre o assunto”.
Estádios. Dilma esteve presente na inauguração oficial de todos os estádios da Copa que já ficaram prontos – a última solenidade foi em Natal, onde abriu a Arena das Dunas, no dia 22 de janeiro. “O Brasil tem de apostar a seu favor, e não contra”, afirmou a presidente em entrevista a jornalistas, ao ser questionada sobre a possível exclusão de Curitiba por causa de atrasos nas obras da Arena da Baixada. “Essa é o tipo da pergunta que mostra aquilo que o Nelson Rodrigues dizia: ‘não é possível apostar no pior’. Pelo contrário. Eu acredito que todo governador, prefeito e os empresários que são responsáveis pelo estádio de Curitiba irão fazer o estádio no prazo. É algo que eu tenho certeza”, disse Dilma na ocasião.
Além da Arena da Baixada, faltam ser inaugurados os estádios Itaquerão (São Paulo), Arena Pantanal (Cuiabá), Arena da Amazônia (Manaus) e Beira Rio (Porto Alegre).