Repórter do Estadão é ferido em protesto em São Paulo

O quarto ato do Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo para R$ 3,50 voltou a terminar em confusão e confronto nesta sexta-feira, 23. O protesto saiu da frente do Teatro Municipal e ia pacífico quando, na Avenida São João, próximo do Largo do Paiçandu, a Polícia Militar lançou uma bomba de efeito moral. Houve correria e black blocs agiram com rojões, enquanto a PM retrucou com bombas de gás e de efeito moral e balas de borracha.

O repórter do jornal o Estado de São Paulo Edgar Maciel foi atingido na perna por uma bala enquanto cobria o ato. Outros dois manifestantes também ficaram feridos. Sete pessoas foram detidas e três agências bancárias, depredadas.

A marcha teve início às 18h30 com 1,2 mil participantes, segundo a PM – o MPL estimou em 10 mil o público. O policiamento contou com 1,1 mil militares.

O movimento excluiu a Avenida Paulista do trajeto, a pedido da Polícia Militar. “Não estamos preparados para ir para a Paulista ainda. Precisamos nos organizar mais”, disse Heudes Cassio de Oliveira, integrante do grupo. O major Luís Augusto Ambar, comandante da operação, havia feito a solicitação ao grupo. “Pedimos ao MPL para evitar a região da Paulista no trajeto pois está em obras e tem risco de conflitos.”

Diferentemente dos atos anteriores, as ruas já estavam vazias quando começou a caminhada. Comerciantes fecharam antecipadamente as lojas e ruas foram bloqueadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A polícia fez cordão de isolamento na frente da Prefeitura, local onde houve conflito no segundo ato organizado pelo MPL. O protesto foi pacífico por mais de duas horas, com os manifestantes seguindo o trajeto combinado. Mesmo com chuva forte, não houve dispersão.

Na Avenida Brigadeiro Luis Antônio, passageiros de um ônibus começaram a discutir com manifestantes, mas a polícia intercedeu. O vendedor Itamar Ribeiro, de 38 anos, ficou trancado no congestionamento causado pelo protesto, mas apoiou a iniciativa. “Estou parado no trânsito, voltando do trabalho, cansado. Mas concordo plenamente com o que eles estão fazendo. Já fui para a rua e acho justo ter o pessoal brigando pelos nossos direitos”, disse.

Na frente da Câmara Municipal, black blocs queimaram uma bandeira do Brasil e logo foram repreendidos por integrantes do MPL. “Vocês querem arranjar confusão, né?” A PM recolheu a bandeira e a passeata prosseguiu. Na frente do Cine Marrocos, na Avenida São João, a polícia lançou a bomba de efeito moral, que causou correria generalizada. Com a dispersão, mascarados correram em várias direções e espalharam lixo pelas ruas, além de depredar três agências.

O major Luís Augusto Ambar argumentou que a repressão policial só teve início após uma bomba explodir no meio da manifestação. “Acredito que manifestantes tenham achado que nós tivéssemos jogado a bomba e reagiram jogando pedras. Então tivemos de agir.” Em nota, a PM disse que o “arremesso de um artefato explosivo e pedras” contra os policiais motivou o emprego de “técnicas de controle de distúrbio”. A ação será apurada, diz a corporação.

O repórter do  jornal o Estado de São Paulo foi atingido por uma bala de borracha assim que começou o tumulto. Segundo ele, a polícia atirou em direção a um grupo de jornalistas. O major Ambar disse que não havia intenção de atingir os repórteres, mas não deu detalhes sobre que motivos levaram os PMs a atirar contra o grupo. “Convidamos o repórter a comparecer na Corregedoria da PM para formalizar o registro e contribuir com as apurações”, explicou a PM em nota.

Além de Edgar Maciel, ao menos mais duas pessoas ficaram feridas. Uma delas nem fazia parte da manifestação: é funcionária de uma empresa de recarga do bilhete único que se intoxicou com o gás lacrimogêneo que atingiu a Estação República. A outra é um manifestante, atingido na cabeça.

O MPL já convocou para o quinto ato contra a tarifa, que será na terça-feira, às 17 horas, no Lago da Batata, zona oeste.

 

 

 

 

 

 

 

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