Estados Unidos testam rede que emite alerta de catástrofes no rádio e na TV

A FCC (Comissão Federal de Comunicações), órgão que regula o setor de telecomunicações nos Estados Unidos, realizou o primeiro teste nacional do Sistema de Alerta Emergencial (tradução livre da sigla EAS). Mais de 1.160 estações de rádio e de televisão participaram da mobilização.

O EAS usa a infraestrutura da radiodifusão norte-americana para advertir a população sobre a proximidade de tsunamis, furacões, terremotos e enchentes. Redes estaduais funcionam desde a década de 1950, mas o governo agora quer saber como o sistema pode ajudar o país em situações críticas de dimensão nacional.

A programação nas rádios e nas TVs foi interrompida às 14h do último dia 9 para transmitir o teste, que durou cerca de um minuto. Na TV, o áudio e o texto das mensagens foram veiculados sob um fundo escuro, por exemplo.

De acordo com a rede de rádio Clear Channel, o alerta do governo acionou 90% de suas emissoras. A telefonia celular ficou de fora e também não houve uso de aplicativos para internet, embora o projeto da FCC inclua essas plataformas.

Situação real

Um alerta emergencial foi transmitido em 2011 pela estação KIPO da NPR (Rede Pública de Rádio) para advertir sobre um tsunami que atingiu as ilhas do Havaí. O maremoto foi causado por um terremoto de escala 9.0, próximo a Koushu, no Japão.
“Estima-se o aparecimento das ondas no Havaí ao redor das 2h59 e elas podem continuar por várias horas. Abandone imediatamente as áreas costeiras”, dizia parte da mensagem.

Criado em 1997, o EAS substituiu uma antiga rede, o EBS (Sistema de Radiodifusão Emergencial). A meta é usar a estrutura da rádio e da TV aberta para comunicar avisos e orientações sobre catástrofes naturais, além de transmitir anúncios do presidente.

 

Versão brasileira do EAS pode ajudar população em desabamentos e enchentes, afirma pesquisador

A participação das emissoras de rádios e televisões norte-americanas no Sistema de Alerta Emergencial (tradução livre da sigla EAS) não é obrigatória. No entanto, a emissora que integrar o sistema contará um diferencial, pois estará apta a emitir mensagens oficiais de relevância social, opina Flávio Aurélio Braggion Archangelo, doutor em Comunicação pela UMESP e pesquisador do tema.

Segundo ele, um sistema adaptado à realidade brasileira poderia ajudar o governo a alertar a população sobre desabamentos, enchentes, incêndios e umidade relativa do ar abaixo dos índices seguros. “Seria um plano básico das empresas de comunicação para atender à função social da radiodifusão”, afirma o pesquisador.

Na opinião dele, as realidades regionais não podem ser descartadas caso o país opte por este caminho. “Estações em OM, OT e OC podem ser tão importantes quanto as estações de baixa potência em FM, dependendo da região”, diz.  Para tanto seria necessário planejamento governamental na geração dos alertas em diferentes meios, explica.

Recentemente, a UIT (União Internacional de Telecomunicações) desenvolveu o CAP (Common Alerting Protocol), um protocolo comum de alertas aplicável em diferentes países. O protocolo permite traduções para diversos idiomas e, por ser um sistema simplificado de compartilhamento  multimídia, pode ser usado em várias plataformas de comunicação eletrônica.

Como funciona o EAS

Sinais sonoros digitais são emitidos pelo governo federal a partir da FEMA, agência federal de gestão de emergência, responsável por coordenar ações para desastres nos Estados Unidos.

A mensagem segue via cabo ou satélite até as estações de rádio e TV primárias nacionais que repassam para as secundárias estaduais, que retransmitem às emissoras locais. A rede é independente da internet.

Os alertas de emergências nas TVs e rádios do Japão foram fundamentais para salvar milhares de vidas quando o país foi atingido por um tsunami no início deste ano.  Minutos antes das ondas alcançarem a costa oriental da região de Tohoku, a 700 quilômetros de Tóquio, as emissoras transmitiram avisos e muitas pessoas puderam deixar locais de risco.

Os alertas emergenciais chegam também aos aparelhos celulares. Mas, a transmissão de dados via telefonia não funcionou no caso do Tsunami. As comunicações com fios foram danificadas e os alertas não puderam ser enviados.

Assessoria de Comunicação da Abert.

 

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